Vitória, 10 de outubro de 2025
A previsão era de que fossem necessários dois dias para discutir as 60 propostas sistematizadas pelo Confea, entre as 365 aprovadas nos congressos estaduais. Mas os mais de 500 delegados do 12º Congresso Nacional de Profissionais (CNP) agilizaram suas atividades nesta sexta-feira (10), com o auxílio da tecnologia, e a programação acabou sendo antecipada. Assim, com a substituição dos crachás pelo aplicativo do celular, a sessão plenária final, que marca o encerramento do Congresso, será promovida já na manhã deste sábado, em Vitória (ES), e não mais no período da tarde, como estava definido.
Segundo o regimento do Congresso, as propostas aprovadas por todos os grupos serão automaticamente consideradas aprovadas e deverão ser chanceladas pela plenária final, enquanto as que forem rejeitadas por pelo menos um deles, e não por todos (caso em que serão expressamente rejeitadas), passarão por um novo debate e votação por maioria simples. Confira a seguir, como foram as discussões e quais são as expectativas para a conclusão dos trabalhos.
GT 1 - Azul Marinho
"Líderes com formação técnica possuem a capacidade de compreender e avaliar dados complexos, fundamentais para a elaboração de políticas eficazes e baseadas em evidências", diz a PN 7, proposta nacional que mais recebeu votos favoráveis (96,6% de aprovação) no Grupo de Trabalho 1 (azul marinho). "O posto de Secretária de Infraestrutura exige um mínimo de conhecimento técnico. No meu município, o secretário da pasta era um médico!", afirmou a delegada Cleidice, do Crea-BA, autora da proposta.
Com 90% de aprovação, a segunda proposta mais votada, PNS 46, versa sobre a Regularização Fundiária Urbana, mais conhecida como Reurb, que é o conjunto de medidas legais, urbanísticas, ambientais e sociais para regularizar núcleos urbanos informais e garantir o direito à moradia, incorporando-os ao ordenamento da cidade. "Trabalho com licenciamento há 15 anos, e entre os assuntos da Reurb, está o usucapião extrajudicial, com que trabalho. Enfrento muita falta de padronização. O objetivo dessa proposta é padronizar a conduta dos cartórios. O intuito é acelerar os processos, reduzir custos e garantir segurança jurídica. Poucas pessoas sabem que o engenheiro pode fazer esse trabalho, é um mercado quase todo engolido pelos advogados", defendeu a delegada autora da proposta, Gisele, do Crea-RJ.
"A qualidade dos debates foi muito boa porque você tem aí profissionais de todo o país, com notório saber, o que aumenta bastante o nível, fazendo com que as propostas possam ter a qualidade necessária para o desenvolvimento sustentável do nosso país", avaliou o coordenador da Mesa Diretiva dos trabalhos, Alexander Ramos, conselheiro do Crea-SP. O grupo rejeitou apenas duas propostas: a PNS 3, sobre obrigatoriedade de jardim vertical em empreendimentos e arborização urbana, e a PNS 17, sobre a retomada de pesca esportiva em terras indígenas.
GT 2 - Vermelho
No Grupo Vermelho, 80 delegados participaram dos debates e votações. Conduzido pelo presidente do Crea-BA, Joseval Carqueija, a equipe aprovou 51 propostas e rejeitou 9.
Antes de iniciar os trabalhos, o presidente do Confea, Vinicius Marchese, passou na equipe para fazer uma orientação rápida e agradecer os delegados pelo trabalho. “Neste ano a gente mudou o foco e, em vez de discutir internamente e trazer para fora, fizemos o contrário. Nos últimos 11 CNPs, as propostas não eram implantadas. Então, acredito que este pode ser um novo momento”, disse.
O coordenador do grupo contou que participou de outros quatro CNPs e que percebeu que o tema deste ano está ligado diretamente ao saneamento básico e abastecimento de água. “Pela primeira vez, a gente discute uma temática que sai do nosso Sistema, vai ajudar a sociedade brasileira e nós, que somos da área tecnológica, temos essa competência. Durante as discussões eu fiz um levantamento, até na sistematização da Bahia, que temos um problema grave de saneamento básico e abastecimento de água, acho que mais de 80% das propostas estão ligadas a essas áreas”, disse Carqueija.
GT 3 - Verde
Depois da eleição da Mesa Diretiva, a coordenadora Nanci Walter, presidente do Crea-RS, colocou em discussão o mecanismo de votação das propostas.
Com 87 delegados presentes, de um total de 96 delegados, o Grupo Verde promoveu as discussões das 60 PNS, aprovando 56 propostas. Foram reprovadas as propostas 3, 8, 12 e 17.
Para Nanci Walter, o 12º CNP marcou uma virada de chave importante na forma como os temas vêm sendo discutidos dentro dos congressos. “Nesta edição, o Crea-RS promoveu, nas etapas distritais, por exemplo, oficinas de capacitação voltadas à fiscalização, reunindo profissionais de diversas cidades e regionais, o que deu qualidade às discussões e a formulação de propostas.”
Além disso, os temas debatidos no CNP foram apontados como mais próximos da realidade profissional, permitindo uma participação mais ativa e prática. “Em edições anteriores, muitos temas pareciam distantes da nossa atuação. Desta vez, conseguimos enxergar claramente como as propostas podem ser aplicadas em políticas públicas e o nosso papel como profissional. Essa é a virada de chave. Como engenheira ambiental, fiquei feliz por termos muitas manifestações favoráveis na área ambiental. Tivemos a oportunidade de ouvir algumas experiências de outros estados”, ressaltou, afirmando ainda que os temas de discussão, conectados a cidades inteligentes, saneamento e gestão pública, estão diretamente relacionados às atividades diárias dos profissionais do Sistema.
Grupo 4 - Azul claro
Destaques para esclarecimentos, defesas, votações encerradas. De 15 em 15, as 60 propostas que foram pré-selecionadas pelo Confea foram votadas pelo Grupo 4 (azul claro), contando com até 82 dos 93 credenciados (88,2%). Todas as propostas já haviam sido analisadas pelos delegados. “Precisamos de pelo menos 53 pessoas para continuar os trabalhos”, informou a presidente do Crea-AM, eng. pesca Alzira Miranda, coordenadora do grupo.
“Profissionais habilitados nas equipes”, foi a defesa da proposta 7. “Obras públicas exigem responsabilidade, formação para construir cidades mais seguras”, disse o eng. mec. César Luís Cordeliini. Sobre a proposta 3, o eng. civ. Marcelo considerou que ela deveria ter sido desmembrada. “Jardim vertical e arborização urbana. Jardim vertical vai encarecer e inviabilizar”. “A política de fomento para geração fotovoltaica vai diminuir os custos”, defendeu o conselheiro federal eng. eletric. Sérgio Maurício sobre a proposta 2.
Dez minutos depois, todas as propostas haviam sido votadas. Apenas a proposta 3 foi rejeitada do primeiro bloco. E assim foi por mais três vezes, até que, em menos de duas horas, todas as 60 propostas foram votadas. Foram rejeitadas ainda: 17; 18 e 24.
Em visita ao grupo, o presidente Vinicius Marchese informou que pediu para levantar quantas propostas de todos os CNPs foram aprovadas até o final e constatou-se que nenhuma foi efetivada. “Então, a gente propôs que esse tempo de vocês aqui fosse para ajudar as nossas cidades. A gente sabe que precisamos ser valorizados. Quem não sabe é a sociedade. A ideia é trazer um engajamento nosso para a gente ser reconhecido e valorizado como merece”, disse, desejando bom trabalho. “Essa mudança de chave fez com que as nossas propostas fossem mais completas e mais úteis. Daqui a pouco, a gente encerra. O nosso encontro foi muito mais viabilizado. Somos a casa da tecnologia, parabéns por esse avanço”, considerou a coordenadora Alzira Miranda, agradecendo ao final o processo tranquilo e democrático, além de muito eficiente.
Na conclusão dos trabalhos do grupo, ela considerou a tarde bastante produtiva. “Tivemos poucas discussões antagônicas porque a gente acredita que as propostas vieram com qualidade e muita relevância. A mudança de chave para a condução do CNP esse ano foi de extrema importância para a condução do Congresso. Temas como saneamento, arborização e mudanças de paradigmas no Sistema foram destaque. O CNP mudou para melhor. E o uso de ferramentas tecnológicas nos deixou ainda mais eficientes”, descreveu Alzira.
GT 5 - Amarelo
No Grupo Amarelo, coordenado pelo engenheiro mecânico Wesley Costa de Assis, presidente do Crea-MA, os debates foram marcados pela objetividade e pelo compromisso com o fortalecimento das profissões tecnológicas. O grupo analisou 60 propostas inscritas no 12º Congresso Nacional dos Profissionais (CNP), das quais 55 foram aprovadas e 5 reprovadas, após intensas discussões envolvendo 87 delegados de todos os estados do país.
De acordo com o coordenador, o resultado demonstra a maturidade e a eficiência do novo modelo de condução do CNP, que tem se mostrado mais dinâmico, participativo e voltado para resultados concretos. Ele afirma que as propostas aprovadas refletem o compromisso coletivo de aplicar o conhecimento técnico como ferramenta de transformação social, reafirmando o protagonismo das profissões tecnológicas no desenvolvimento nacional.
“O saldo é extremamente positivo. As discussões foram qualificadas e focadas em propostas que tragam soluções reais para os desafios da sociedade. O novo formato do CNP permite que a engenharia, a agronomia e as geociências se posicionem de forma mais estratégica, com projetos que dialogam diretamente com as demandas dos municípios, estados e do país. É um avanço que valoriza a inovação tecnológica e reforça o papel essencial dos nossos profissionais na construção de um Brasil mais eficiente e sustentável”, destacou o engenheiro Wesley Costa.
GT 6 - Roxo
O Grupo de Trabalho 6 (Roxo) reuniu 93 delegados vindos de todas as regiões do país. Ao longo das discussões, o grupo analisou as 60 propostas, das quais 57 foram aprovadas e 3 rejeitadas. As deliberações transcorreram de forma produtiva e colaborativa, com foco em soluções técnicas voltadas ao interesse público.
Segundo o coordenador, Carlos Alberto Kita Xavier, presidente do Crea-SC, os debates foram intensos e produtivos, com participação ativa dos delegados. “O grupo discutiu as 60 propostas, e três acabaram sendo rejeitadas. O que observamos é que, mais do que o teor das propostas, as discussões se concentraram em questões pontuais e logísticas de alguns municípios e estados, que buscavam expandir determinadas soluções para todo o país”, explicou.
Kita destacou ainda a relevância dos temas abordados, que incluíram sustentabilidade, saneamento básico e o uso da tecnologia aplicada às engenharias. “Estamos aqui discutindo propostas que visam beneficiar toda a sociedade. As ideias que saem daqui são fruto da força da engenharia e têm potencial para orientar políticas públicas em todo o Brasil. Esse documento certamente será muito útil nas mãos das prefeituras, fortalecendo a atuação técnica e a contribuição dos profissionais para o desenvolvimento nacional”, concluiu.
Leia mais:
Área tecnológica projeta futuro mais justo e sustentável no 12° CNP
CNP discutirá 60 propostas que podem orientar políticas públicas
12º CNP inicia etapa de sistematização com 263 propostas recebidas
Beatriz Leal (Confea), Caroline Mesquita (Crea-MT), Débora Pereira (Crea-PR), Henrique Nunes (Confea), Íris de Azevedo (Crea-SE), Jô Santucci (Crea-RS)
Equipe de Comunicação do 12º CNP
Fotos: Sto Rei e Impacto/Confea
